A Dança do Véu Enrolado (Meleah Laff) tem sua
origem no Egito- Cairo. Até o ano de 1950 ainda era possível ver muitas das
mulheres passeando no mercado central do Cairo. Hoje em dia, já não as
encontramos mais. É uma dança muito simples, na qual a bailarina possui um
tecido preto grande, o Melaya ou Meleah (véu) Laff ou Leaf (enrolado), por isso
o nome da dança. É dançada por várias mulheres ao mesmo tempo e elas vão
enrolando e desenrolando o véu como uma brincadeira. Utilizam vestidos curtos e
tamancos, e tem um ar irreverente, podem rir, mascar chicletes e cantar. Dança
de projeção folclórica criado por Mahmoud Reda, que com o passar dos anos
acabou sendo incorporada na veia folclórica.
Origem:
Para entendermos esta dança precisamos falar um pouco do Cairo e Alexandria. São as duas principais cidades do Egito em termos de difusão cultural.
*Cairo - dominada pelo
rio e pelo deserto, porta de entrada dos viajantes europeus - abrigaria o
árabe, islâmico, sério, internacional e intelectual
*Alexandria – dominada
pelo vento e pelo mar, capital de verão – o apreciador levantino, cosmopolita,
sinuoso e volúvel.
Essa observação à
primeira vista inútil, porém de alto valor didático aos interessados, ajuda-nos
a entender a influência de fatores geográficos e culturais, tornando possível a
identificação de dois estilos distintos de manifestação popular na dança.
Na década de 40 a
cidade de Alexandria era a capital de veraneio do Egito. Turistas eram atraídos
pelas praias e balneários elegantes. Nessa época o meleah (lenço preto) estava
na moda e compunha o vestuário das mulheres. O clima quente obrigava-as a
usarem vestidos leves e o lenço preto deveria protegê-las de olhares maliciosos.
Ao dançar elas o utilizavam como um instrumento de brincadeira e de charme, por
isto a tradicional brincadeira do “esconde e mostra”. Isso é bastante
universal, fácil de entender porque estas moças chamavam a atenção, afinal em
todo o mundo os homens são fascinados pela maneira como a mulher se veste para
sair às ruas. Quando a moça passa por um grupo de rapazes, mesmo discretamente,
recebe olhares curiosos por muitos motivos.
A dança com o meleah,
criada e transportada para o palco obedece à realidade do cotidiano e
afirma-se: Meleah Laff do Cairo, Meleah Laff da Alexandria.
Ahmed Fekry, coreógrafo
egípcio e professor extraordinário explica a importância da personalidade das
mulheres destas cidades no momento de montar um número de Meleah Laff. Em sua
exposição afirmou que as moças de Alexandria são conhecidas e admiradas em todo
o país pela beleza, charme e força. Independentes, costumam “andar” sozinhas
devido à ausência prolongada dos homens locais por motivos de trabalho,
portanto devem se defender dos turistas que invadem suas praias em busca de
diversão. Segundo esse relato é comum o homem atrevido receber golpes de
tamanco da bela, caso a moça se ofenda com um gracejo masculino inconveniente
Por isso o Meleah da
Alexandria é mais discreto e o lenço trabalhado cuidadosamente. As músicas
apresentam um momento especial para a dança masculina de Port Said (espécie de
disputa com punhais afim de demonstrar virilidade e habilidade marcial) e as
letras falam do mar, construindo assim um retrato da vida dessas pessoas.
Colocada no palco pela primeira vez pelo coreógrafo Mahmmoud Reda na década de
60 , apresentava essa fórmula: a interação das pessoas com o mar (representado
fisicamente por um longo véu) e o flerte sutil dos grupos masculinos e
femininos. As bailarinas deixavam o palco para soltar o meleah retornando
rapidamente enquanto os moços exibiam suas armas.
Agora, vamos ao Cairo
de Said e Fekry: moderna, agitada, das mulheres mais liberais que frequentam o
mercado de Khan el Khalili. Salvo qualquer anacronismo, entenda-se: estamos
lidando com adaptações para o showbiz.
Fekry define essa dança
como engraçada e fanfarrona; a mulher é debochada. A música é um hit
parade, os sucessos que fervem nos nightclubs e nas ruas.
O pop baladi, se podemos chamá-lo assim.
É comum as bailarinas
girarem o meleah no ar, rodar as pontas alternadamente, amarrá-lo no quadril
como as mulheres locais e até mesmo jogá-lo de lado, afinal não há preocupação
em exibir o corpo nesse contexto.
Portanto o Meleah laff,
é uma dança que obedece à linguagem delicada do flerte e códigos mais que
especiais.
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