segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Meleah laff


 

A Dança do Véu Enrolado (Meleah Laff) tem sua origem no Egito- Cairo. Até o ano de 1950 ainda era possível ver muitas das mulheres passeando no mercado central do Cairo. Hoje em dia, já não as encontramos mais. É uma dança muito simples, na qual a bailarina possui um tecido preto grande, o Melaya ou Meleah (véu) Laff ou Leaf (enrolado), por isso o nome da dança. É dançada por várias mulheres ao mesmo tempo e elas vão enrolando e desenrolando o véu como uma brincadeira. Utilizam vestidos curtos e tamancos, e tem um ar irreverente, podem rir, mascar chicletes e cantar. Dança de projeção folclórica criado por Mahmoud Reda, que com o passar dos anos acabou sendo incorporada na veia folclórica. 

Origem:

Para entendermos esta dança precisamos falar um pouco do Cairo e Alexandria. São as duas principais cidades do Egito em termos de difusão cultural.

*Cairo - dominada pelo rio e pelo deserto, porta de entrada dos viajantes europeus - abrigaria o árabe, islâmico, sério, internacional e intelectual 
*Alexandria – dominada pelo vento e pelo mar, capital de verão – o apreciador levantino, cosmopolita, sinuoso e volúvel. 

Essa observação à primeira vista inútil, porém de alto valor didático aos interessados, ajuda-nos a entender a influência de fatores geográficos e culturais, tornando possível a identificação de dois estilos distintos de manifestação popular na dança. 

Na década de 40 a cidade de Alexandria era a capital de veraneio do Egito. Turistas eram atraídos pelas praias e balneários elegantes. Nessa época o meleah (lenço preto) estava na moda e compunha o vestuário das mulheres. O clima quente obrigava-as a usarem vestidos leves e o lenço preto deveria protegê-las de olhares maliciosos. Ao dançar elas o utilizavam como um instrumento de brincadeira e de charme, por isto a tradicional brincadeira do “esconde e mostra”. Isso é bastante universal, fácil de entender porque estas moças chamavam a atenção, afinal em todo o mundo os homens são fascinados pela maneira como a mulher se veste para sair às ruas. Quando a moça passa por um grupo de rapazes, mesmo discretamente, recebe olhares curiosos por muitos motivos. 

A dança com o meleah, criada e transportada para o palco obedece à realidade do cotidiano e afirma-se: Meleah Laff do Cairo, Meleah Laff da Alexandria. 

Ahmed Fekry, coreógrafo egípcio e professor extraordinário explica a importância da personalidade das mulheres destas cidades no momento de montar um número de Meleah Laff. Em sua exposição afirmou que as moças de Alexandria são conhecidas e admiradas em todo o país pela beleza, charme e força. Independentes, costumam “andar” sozinhas devido à ausência prolongada dos homens locais por motivos de trabalho, portanto devem se defender dos turistas que invadem suas praias em busca de diversão. Segundo esse relato é comum o homem atrevido receber golpes de tamanco da bela, caso a moça se ofenda com um gracejo masculino inconveniente

Por isso o Meleah da Alexandria é mais discreto e o lenço trabalhado cuidadosamente. As músicas apresentam um momento especial para a dança masculina de Port Said (espécie de disputa com punhais afim de demonstrar virilidade e habilidade marcial) e as letras falam do mar, construindo assim um retrato da vida dessas pessoas. Colocada no palco pela primeira vez pelo coreógrafo Mahmmoud Reda na década de 60 , apresentava essa fórmula: a interação das pessoas com o mar (representado fisicamente por um longo véu) e o flerte sutil dos grupos masculinos e femininos. As bailarinas deixavam o palco para soltar o meleah retornando rapidamente enquanto os moços exibiam suas armas. 

Agora, vamos ao Cairo de Said e Fekry: moderna, agitada, das mulheres mais liberais que frequentam o mercado de Khan el Khalili. Salvo qualquer anacronismo, entenda-se: estamos lidando com adaptações para o showbiz. 
Fekry define essa dança como engraçada e fanfarrona; a mulher é debochada. A música é um hit parade, os sucessos que fervem nos nightclubs e nas ruas. O pop baladi, se podemos chamá-lo assim.
É comum as bailarinas girarem o meleah no ar, rodar as pontas alternadamente, amarrá-lo no quadril como as mulheres locais e até mesmo jogá-lo de lado, afinal não há preocupação em exibir o corpo nesse contexto. 

Portanto o Meleah laff, é uma dança que obedece à linguagem delicada do flerte e códigos mais que especiais.





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